A Arte Têxtil se reporta à feitura artesanal de tecidos, ou ao bordado com linha e agulha, num pano previamente escolhido. É esta última modalidade, a cultivada pela artista.
Tendo por embasamento a experiência longamente adquirida no desenho e na gravura, exercita, de modo absolutamente pessoal e livre, a técnica milenar das bordadeiras.
O catarinense João Otávio Neves Filho, o Janga, dublê de artista plástico e crítico de arte, assim define este bordado.
Nas tapeçarias, tece estandartes minúsculos e emblemáticos, linhas, cores e recortes de tecidos criam emaranhados de linhas, que fazem uma releitura de sua obra anterior de desenho. Das tramas de fios, emergem as figuras totêmicas imersas num clima erótico e sensual, de uma ancestralidade que parece provir de fragmentos têxteis de remotas civilizações
Têm sido constantes na obra de Marlene a preocupação social e intuitiva expressão de uma sensibilidade sensual inata. Esta sensibilidade caracteristicamente feminina encontrou perfeita representação gráfica nos emaranhados eróticos dos traços lineares de nanquim com que teceu séries de casulos, borboletas e insetos, numa fase que mereceu diversas premiações. Na arte de Marlene coexiste também uma componente totêmica, que explica a inclusão em sua temática de uma profusão de figuras de animais (jacarés, tatus, etc.), bonecos e seres provenientes do universo mítico da cultura popular. São estes “totens” que criam entre o consciente e o inconsciente uma intermediação muito sutil, fazendo vibrar emoções arquetípicas profundas.
Janga (João Otávio Neves Filho), da ABCA, na apresentação da individual na Galeria SESC Paulista.
A premiação recebida pela artista na Bienas Naifs do Brasil (SESC, 2016) esteve a cargo de uma comissão curatorial formada por Clarissa Diniz, Claudinei Roberto da Silva e Sandra Leibovici. Foram submetidos a análise e seleção 948 trabalhos.